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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Violenta Santidade


Registrou em meus pulsos, ele disse:
- Pulsações desconhecidas.
Mas a  castidade não fazia parte daquele plano
Era roubada a cada minuto, ela não sustentaria mais
A santidade pecava em perversão divina
Em escuridão eterna o mastro de fogo
Afundava em sua carne fria e castrada
Cansada dos padres e monges
Relatava seu descaso com gravuras em meu corpo
Atravessando-me a pele com unhas e castiçais em brasa
Cordeiros sangravam sobre a mesa
Em noites regadas de absinto e ópio
Culpando o céu que desabava sobre estes corpos,
Bailavam em segredo as almas santas
E se sufocavam, blasfemando dentro do velho livro sagrado
Beba meu sangue, cuspa minha carne, ela disse:
- Devolva-me os pecados;
- Deus castrou você?
Violenta santidade, sangrando em corpos santos
Absolva estes pecados tanto quanto me deseja
Deus dos homens, senhores das terras do universo
O infiel te deseja em lealdade a ele
Doando tua vida em sacrifício
Fingindo salvar estes insanos pecadores
Demônios santos, tua imagem e semelhança
O espelho também te traiu, me traiu, nos traiu.
No universo que restou a alma vaga dentro do corpo
Já não é mais teu, é dele e nosso
Fugindo da pútrida lembrança,
Castigadas, sangram nos castelos da luxúria santa
Fingindo salvar o universo da própria alma que grita,
Do próprio corpo que queima e deseja mais que a santidade
Tanto o pecado quanto o pecador



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