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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Falta


Meu único e último segundo de vida se foi entre todos aqueles minutos que eu não sentia teus mistérios e segredos em frente aos meus olhos desprovidos de cor sem o brilho de tua pele, como a luz que arde, virgem, em meu peito anoitecendo em torno de minhas células, registro tua falta no tempo em cada ponto em que sua imagem atravessa meu pensamento em formas inalteráveis de cores, perfumes e sentimentos.
A nebulosidade ameaçadora da sua falta eu não podia calcular sua presença física sempre foi incalculável, inalterável depois de certo tempo dentro de mim, a falta é como prever cair o peso do universo sobre meu infinito, as palavras fogem a cada instante agora em que eu precisava me dizer, o sol agora é algo que não queima somente escurece e de longe eu vejo e sinto que não posso trazer nenhum sincero sonho para me adormecer agora neste dia tão quente pois sempre ao anoitecer nada do que eu via era simplesmente tudo que eu precisava deter dentro de mim, as veias que estufam e pedem mais sangue pra me dividir em mil partes só tuas, pra me contar mil segredos só teus, divergindo da culpa ataco meu paraíso distribuindo cada célula do meu sangue em mil em partículas de ar imaginando assim atravesso os tempos pra te buscar em cada sonho e pedaço de solidão, arrancando meu coração, tirando e colocando de volta em teu peito respirando você em cada poro da minha pele que você tocou dentro da tua.
A distância é algo que já não mais me apavorava mas me consumia, e não me atraia nem um pouco sentir você em espaços tão curtos de uma vida entrelaçada, em cada dia, em cada vida, em cada pedaço do meu tempo indesejado trocado ferindo o coração com o qual se compara.
Então despenhamos para o alto, extasiados, olhos tornam-se estrelas no mesmo brilho, estelares os corpos que se afastam mas não confundiam-se em nenhum espaço ou tempo recriado pela memória as vezes ausente, não queria mesmo calcular tua falta eu enlouqueceria visualizando este casulo, como em o teatro da crueldade me vi sangrando fora do meu corpo, dentro do teu transportando cada segundo de memória recriada reproduzindo como uma peça surreal de infinita e obscura beleza para meus olhos assistirem enquanto desejamos a inexistência do tempo em que me faço falta, te faço falta, desobedeci os deuses do tempo tive minha pena transfigurada para não sonhar mais em desconhecidos espaços percorridos, traduzo tua falta em delírios repetindo a febre noturna invadindo parte de minha inocência roubada mas ainda reconhecida junto aos meus limites, doarei meus olhos se for preciso só para que te encontrem possivelmente em outro olhar mesmo que não seja o meu no instante de minha ausência corrompida por  aquela indecisa luz celeste.
Digno da tristeza que se vê nos olhos dos que nunca viram o brilho de uma estrela é como traduzo em inúteis palavras tua falta, não encontro nada que eu possa dizer para aliviar a falta, somente sempre lembro a gente sempre quase morre tentando provar o contrario.



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