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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Eu Parei de comer peixe, dizem... Eles nadarão no teu estômago


Eu estava la escrevendo quando puf, perdi o texto dentro da tua cabeça, o enredo era simples, nada demais.
Mas foi bem ruim dar aquele clique e perder tudo, é muito ruim quando o telefone toca na hora errada, e o pior de tudo aquela ligação indesejável.
Até que choveu bastante no meu bolso, o complicado é esquecer que as vezes a chuva molha tanto quanto o sangue, foi inesquecível dividir todos aqueles queijos com você, complicado ficou quando o vinho acabou.
Tem um lago aqui que fala todos os dias comigo, não consigo ouvi-lo muito bem pois tiraram todos os espelhos da casa por isso só consigo ver minha imagem refletida quando olho para você, não é tão mal assim, talvez 800 ou 950 km de distância nem seja tão longe assim quando se tem alguma inspiração papel e caneta, é até que esses monólogos não são tão chatos.
Tiraram todas as minhas canetas mas tenho um tubinho verde com o qual escrevi uma carta para você pela manha, não sei se vai ler pois não me lembro ao certo o que escrevi, nem sempre costumo ler o que escrevo, prefiro ler as palavras quando elas não existem, pois dizer nada as vezes é melhor que dizer tudo, nada se compara ao silêncio de um grito.
Lembrei das parreiras de uvas e das conversas intermináveis com meu avo quando eu era criança olhando para toda esta natureza a nossa volta, não sei ao certo onde está, mas que não está aqui eu tenho certeza, a não ser pelo teu nome repetindo na minha cabeça durante horas e horas todos os dias, finalmente eu consegui fazer o menos provável no momento mais inoportuno.
Oportunismo, lembro de ter estudado sobre isso também , naquela escola que nunca fui, sempre me disseram para eu não comer peixe vivo pois não fazia muito bem e que eles nadariam no meu estômago até fazer aquelas bolinhas que eles fazem na água, nunca entendi muito bem isso, mas tranquilo, nem gosto tanto assim de peixe.



Fernando dos Anjos


Vida obscura
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.

Atravessaste num silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.

Ninguém Te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.

Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!


Não abro a alma pois não me caibo mais dentro dela.




Quero a chance esfriando na mesa do café da manha
Escrevendo no prontuário do meu psiquiatra predileto
Escuto os loucos la fora me chamarem de Deus
Tive um tempo para me esquecer.
Nada ficou calado na minha cabeça
Sempre aquelas vozes
Sempre aquelas imagens
Eu tentando andar com tuas pernas.
Escrevo na minha pele
Escrevo nas folhas
Escrevo nas asas dos pássaros
Escrevo no lago a minha frente.
Escrevo sem escrever
Escrevo por escrever
Não escrevo palavras
As palavras é que me escrevem.
Me esquecem por eu me aquecer demais
Leio livros em branco
Dentro da sua cabeça
Faço musicas mudas no caule das pedras.
Eu reconheço uma voz sem ouvi-la
As crianças sobem em mim
Sem saber porque morrem
Escuto uma alma.
Antes do ontem
Eu era eu
Prefiro ser outros
Prefiro ser todos.
Minha felicidade não tem preço, tem seu nome.