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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Carta a Vitória

Querem todos então vencer?
Ninguém quer perder!
Mas que mal a em uma derrota?
Vitória que dilacera as carnes
Não as desejo mais, enfim o fim!
Destroçado reescrevo meu corpo em silêncio,
Em vão despedaço os pensamentos
Colocando em ti as peças que roubei em meu aterro,
Despedi-me, despindo a vitória vestindo a derrota
Com minha roupa mais bela e meus sapatos mais sujos
Desgracei-me a alma.

Querida Vitória: - Que abraça-nos a esmo.
As carnes que talhei em versos indignos as letras de teu nome,
Tentei agraciar-te com minha presença fulgida e sombria
Só pude enfim então, esquecer-me em teu nome
Não deveria então clamar a minha presença?
Desvencilhei-me dos abraços dos demônios e dos anjos de Deus
Para calar-me em volta dos mitos e lideres de minha geração,
Vomitei nas ruas sujas em que meus antepassados mataram em teu nome,
Respirando fumaça e bebendo sangue novo
Do concreto alimentei-me por seculos e seculos em vão
Milênios após tanto procurar-te, resolvi apenas te esquecer
Apenas para não dizer, enfim calar, nada.

Em nome de todos os que te procuraram sem sucesso,
Digo então sinceramente,
Não quero sentir teu sabor, glorioso e dúbio,
Despeço-me em breves sentimentos, caluniando minha sombra,
Calando-me a alma,
Coloco-me entre todos os possíveis seres que se foram
Talhando a pele podre a sangue frio
Talvez não queira me levar agora,
Seria em teu nome, ou em respeito a tua irma?
Derrota!

Desvalida em gestos purpuras
Abençoe-nos ao sol da lua já cansada
Vitória que agracia os nobres e impuros
Pronunciando teu nome em falso pudor,
Vomitarei até a morte o poder que tu transmites aos transeuntes passageiros,
Enlouquecidos!

Em nome ao teu verdadeiro significado, que hoje encontro em mim,
Parto sem dizer adeus, com a mente enferma e castrada,
Pra que não encontre-me mais, dentro deste eterno e doentio fim.



O Estupido

I

Estupido eu seria se me coroasse a tua maneira

Colocando-me sempre a frente um espelho inverso
Das alegrias inertes e das farsas que me causam ânsias
Vômitos matinais,
Ataques de fobia e um pequeno desejo desafinado
Não mais disparo tiros a distancia, afinal.
Nem tudo que vai, volta...

II

Projeteis de barro
Não calam, não matam,
São simplesmente
Ferrões agudos, sem direção,
Alienados os que se dizem não alienar-se
Alienam, calam, isolam e trancam.

III

Dentro deste mundo calmo, negro, póstumo e absurdo
Canto em partes silenciosas um futuro "predestinado"
Onde cada ser humano morrera dentro das vozes que sucumbem
É a vida, esta carnívora assanhada e amedrontada
Armada para matar e sugar a esmo
São as chances que não desejei mais
São minhas vidas que matei la atrás.

IV

Abençoou tua serpente
De língua envenenada
E quando não mais pude ouvir, enxergar, falar
Desgracei-me em pequenos pedaços
Correndo para meu infinito nada, inverti os valores,
Cansei a lamina, negociei minha alma.

Mundo

A palavra mundo 
Termo absurdo
Hoje vazio
Onde plantamos nossa saliva cavando nossos pés descalços
Arados de um infinito pensamento enfermo
Fim!

Cansei de respirar.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Inicio

Relatando o desconcerto
Minha pena breve e curta
Se acabou
Alimento o alimento
Morto, podre, abatido
Você voltaria atrás?
Mas teus abraços procuraram o limite do desfeito
Desfaça,
Corte a faca
Canse o espelho
Abençoe as feridas
Deite-se, o orvalho queima
Entretanto
Olhando o fim da tua ilustre farsa
Espera de longe minha carne entorpecer
Febre longa e duradoura
Abraço, curto, estrangeiro
Anos a fio perdendo-me em palavras
Registrando em meu leito o nada
O fim, o foi, o era, o seria
Sim ou não?
Acho que não, não sei

Talvez.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O Cortejo


Seguindo estrelas mascaradas desfazendo-me entre os pontos da eternidade
Não mais me abalo, embalo segredos e escrevo
Aceito acordos e pactos acendo velas, apago luzes
Me pego e te toco, não me engasgo, engulo
Cedo em nós as palavras que minhas mentes sequestram
De manha!
A noite! 
Destruo!
Fui-me tarde.


Matei


Poesia é luxo para os desavisados da vida
É escrita para cegos odiada pelos poetas
Poesia é vida morta
É morte em vida
Uma escrita sem sentido
Sinto muito, muito poeta
Eu sinto muito, muito
Alias sinceramente, não sinto
Nada!
Se não sentes pena dos que não tiveram pena
Para os que atravessam os dias tropeçando em letras
Desacreditados em palavras, sobrevoado por gestos mal escritos
Somente digo
É texto sem texto
É letra sem razão
Razão e poder
Os que perdem sangue
Transfusão não agraciada
Para os mares da noite
Em céus iluminados apoderam-se de letras
Códigos e números
Em que almas se perdem se entristecem se esvaem
Poesia que abandona
Poesia que esquece
Poesia que ama
Poesia que odeia
Partindo as nuvens desabando em mentes
Se sinceras
Se mal formuladas
Perdoe-me poeta
Pela vida escrita
Pela calma torturante
Pela ambiguidade mórbida
Perdoe-me poeta, por odiar sua escrita teus sentimentos
Perdoe-me poeta por ter que deixar-te aqui
Para uma vida sem poesia
Para uma poesia em vida
Adeus.

Partes e Meio


A fragilidade dos corpos
Partes inteiras de pedaços que faltam, incompletos
Desconexos
Uma parte e meia de órgãos externos e infinitos pensamentos enfermos 
Linhas cerebrais, tormentos calmamente vão se dividindo
Um trecho do que nos dizem exatamente
Não falam nada
Apedrejando os sentidos que falham, se confundem
Uma pequena dor que não pode suportar
Uma drenagem que apodrece o coração
Uma parte de ossos que se quebram
Um aperto de mão, um olhar, outra parte
Fome, holocausto internamente externo
Cada vez que eu pude me fechar, não foi mais uma vez
Assim sendo, não era
O que eles dizem?
Atravessariam-me sem mais um único espaço?
Sim!
Espaço onde se perde qualquer poder de palavra
Não se fez mais tempestade em mares ocultos
Águas frias, gélidos pensamentos, confusões e internações
Ninguém suportaria uma prisão ao ar livre
Eu pude suportar!
E o vento frio que cortava a pele
A outra parte, que escondi de eu mesmo
E aquele abraço que demorava a chegar?
Cortei seus braços?
Não responda
Aquela mentira recriada, a solidão em movimento
Eu não pude suportar!
Sim!
Eu menti!
Asim como todos vocês.


Oração


Para os que vivem sem vida
Para os que vivem em morte
E não tem medo
E procuram pelas ruas as dores imaculadas
Para todos que matam e não desejam morrer
Eu desejo a morte
Não desejo a vida
Nem sequer
Um pedaço de cura
Tomarei seu corpo
Tomarei o que nunca foi tomado
Então espero que sua alma também morra
Deus abençoe teu ódio
Que a vida te busque e não te engane
Para um único dia de vida
Um gole de morte
Você esta cansado?
Segure o pendulo
Para todos que acham que a vida é sangue e dor
Então, é mesmo...
Para todos que se perdem e se encontram
Acham o que procuram, vida é morte
É sangue e dor
Para todos que se enganam e enganam
Eu desejo o que você deseja
Eu espero que se enganem
Se troquem, se matem, se amem
Para o vinho da morte
Nas florestas da cura
Seu sangue, o mesmo
Tua água impura
Iremos até as catedrais?
Chorar pelos nossos antepassados
A vida que você perdeu
O plano que você armou
Ninguém é alguém
Alguém é ninguém
Se você espera algo
Se não sabe o que é
Tome meu corpo
Coma minha doença
Leve de mim
Leve-nos de nós
Antes que seja cedo
Antes que seja cedo demais.