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terça-feira, 11 de junho de 2013

Veronika Decide Foder





Então ante ao comprimido etéreo
Comprimiu-me as artérias
Embolando-me as veias bipolares
Ao redor do meu pescoço retalhado
Preciso, seria o golpe
Maestral ali abaixo a carne que urge.

Ela agora era simplesmente ela,
Somente Veronika
Altiva, os olhos brilhavam, feliz e predestinada
Enfim ela, a protagonista.
Aquele emprego que tanto odiava
E o limite do seu cartão de credito, 
Abaixo de das linhas cerebrais, irreversíveis,
Completamente incompleta, completou-se
Acelerou então o processo.

No olhar imprimia-se o terror
Amortizando o pedido de clemência 
Adormeceu cada palavra que ele não mais podia diferir,
Na garganta inflamada
Onde o zelo e o perdão nunca alcançou, sequer
A ponta das cordas vocais.

Com uma impassividade impar
Impetuosa, com um só golpe de palavra
Veronika então, decide foder.
Fodeu com cada pagina estupida em que a clave
Na sua espinha digna dorsal fazia a curva
Fodeu então com cada paradigma e verso
Em que a prosa havia lhe fodido antes,
Não fodeu com ela, 
Mas sim com seu algoz.

Olhou para o lado, para baixo,
Ele então, amarrado sem corda alguma
Mover-se não conseguia
Colocado ao chão sobre as tuas quatro patas,
Ela pensou...
Quadrupede, cristão dos infernos!
Atordoado, 
Rabiscou nas próprias costas costas,
A frase enviada quase que por telepatia
estraçalhando então os ossos do braço.

(Percorrendo então o quarto, ela se lembrou)

Ah! O cartão,
O cartão de crédito?
Enfiou-lhe então na cova anal em um só golpe
Ele enfim num orgasmo digno das paginas
Amarelo escuro de sua vida
Defecou em tuas mãos, singelas, frias.
Atropelando os dizeres puritanos de auto ajuda
Numa pedaço de linha sóbria de pensamento,
Arrastou-se por um momento...
Sentiu então como sempre fez sentir-se Veronika.

Os comprimidos enfiou-lhe a força pela garganta
Mas não cravou a faca, o dano irreversível 
Agora era, só dele,
Veronika então sente-se feliz,
Com a calma impassível nos olhos,
Faz uma prece.

Querido psiquiatra:

- Alimentando-o de fezes e urina por dias e dias
Tomei em meu corpo a paz dos anjos de Deus,
No inferno onde me casei com tua alma,
Somente me calei por anos e anos, 
Fiz tudo certo, obedeci ao clero
Mas era severamente punida do amanhecer ao anoitecer.
Meu filho tomado pelo ódio e frustração jogou-se aqui desta janela 
Onde encontro-me sentada agora fazendo esta oração,
Plantei o corpo dele ali no jardim de inverno,
Rego-o todas as manhas para que ele brote novamente
Vejo alguns fios de cabelo, acho que esta dando certo,
Peça ao sindico do condomínio para não esquecer de faze-lo.
Percebi que de nada adiantaria continuar sendo extremamente
Maltratada e aprisionada por este homem ou qualquer outro,
O corpo dele esta sobre a mesa da sala de jantar
Decorei com verduras e legumes, a pele esta intacta, 
Pois sou alérgica a carne, somente retirei um ou outro osso
Para fazer um para quedas caso meu voo de errado,
A maça da boca dele esta lavada e desinfectada com cloro e bicarbonato
Do jeito que sempre me ordenava, quando ele acordar, peça desculpas
Pelo pênis que ele tanto amava, precisei retirar, pois não enxerguei beleza alguma
Diante a minha humilde e singela estética decorativa que o presenteei
Em forma de minha eterna gratidão e obediência.
Agora vou indo, meu voo esta marcado, 
O avião que chamei passara em alguns minutos em frente a minha janela,
Fique tranquilo, caso algo der errado, estou levando meu para-quedas de ossos.

Ps: O cartão de credito esta limpo, desinfetei com sangue e saliva, pode usar caso precise comprar agulhas e linha de costura. Ah! O pênis que ele cuidava com tanto zelo esta ao lado do controle remoto da televisão, pode pegar sem nojo, limpei inteiro com a boca dele, assim como ele também sempre me ordenava a fazer com a minha!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Silêncio Pedaços e Outras Partes

Achato meus achados e os perco em resignação,
Estreito o lugar, a cova, rasa, rasga,
A pele intrínseca, castro em falha fuga,
Fulgida, desconheço a aberração alada
Criando no que fui, hoje o que sou.

Se puderes contar cada poro de minha pele
Em minha lapide nada se escreveria, talharia o universo,
Abrupto, absurdo, vigiado por anomalias lúgubres e sarcásticas.

Se tiveres um termo a calar
Recontaria cada gota do suor desperdiçado,
E do sêmen plantado em camadas abissais
Não mais brotariam peixes,
Perderia-se o signo no zodíaco desta esfera,
Na profundidade do gozo tardio.

Porção de minhas calunias, regressão ou transgressão,
Tanto faz...
Da mente falida e póstuma, beberia o sangue?
Ou clamaria a cura?
Sem pensar ou decidir, revoltou-se em paz
Regredindo em paradigmas e conceitos obsoletos,
Expulsando do corpo a alma.

Áspero e agonizante, foi o silêncio,
Em pedaços e outras partes.




segunda-feira, 3 de junho de 2013

Lógica Inerte

Em cada rua inerte, um termo abstrato, 
Carrascos do tempo, exijo agora!
Todos em pleno silêncio.

Em cada gota de chuva, cálida e efêmera,
Bebo o silêncio no orgasmo em que me torno,
Transformando assim, palavras graves em gritos agudos,
Atemporais, guturais.

Calmamente amordaço-os, violentando-me
Em um silêncio descomunal, desmedido
Que não se cala nunca em minha mente.

Não fale ou cale,
A alma escuta.


Genitália Moral

A noite é uma mar de devaneios crônicos, pulmões cansados bebem da fumaça que envolve a neblina transfigurando as massas que transitam em volta dos cálices de concreto, aquecem-se com o vazio que preenche a alma atordoada, esperando pela musica, nula, quase que vomitada, abstraindo os ouvidos, surdos... Dizendo palavras que só saem da boca, emprestando enfim a saliva e todos os outros órgãos, para três únicos objetivos, o de falar mas não dizer nada, o de enxergar e não ver nada e o de escutar mas não compreender nada...

Cabelos

Fios que caem bruscamente,
Sem dizer o porque,
Somente pra falar-me depois.
Explicitando os olhos que os encontram,
Escondidos entre as frestas das vestes que restaram,
Não dizem, somente expressam, perdem-se as mechas,
Dentro da alvorada em que o coração sente,
Diluvio, entre as partes que lembram e relembram.
E quando abro a janela pela manha
A luz calma e pouca que entra em meio a poeira
Somente observo,
A mente é que fala e sente.
Pelas frestas da portas antigas, chega o vento
Árduo espalhando-os pela casa pequenina mas ainda aquecida
Fios que esperam por cair novamente dizendo palavra por palavra
Entre as mãos que o tocaram, tocam-se, encontrando-os novamente
Fios que se movem se soltam e se prendem,
Visitando uma ingenuidade agora presente na mente que toca
A ausência de perigo demonstram o que realmente são
Fios que tocam a pele, mechas que colorem o dia
Nublado, frio e cinza,
Relato em cada fio o que espero acontecer
Crescer, cair, perder, encontrar
Cada fio, uma palavra
Cada fio tua presença
Na ausência adquirida por eles
Encontro tua presença digna deste poema
Tu és, não só cabelos, mas contaria fio a fio
Pra que eu sempre me lembre de cada momento
Eles caem e crescem para cair denovo
Esperando sempre encontra-los
Fio a fio, nunca serão só cabelos,
Nunca serão somente cabelos.

Os Passaros

O barulho do estrondo daquela carne partindo minha mente,
Sequer, não pude ouvir.
O salto dos ladrões que uivavam em silêncio,
Roubando as madrugadas dos pássaros noturnos
Ecoavam sem cessar, não esperavam.
Tomavam-me sem pedir licença
Mas licença?
De que necessário seria?
Para o ludibriado olhar do serafim de pele vermelha,
A diferença se fazia inerte
Chacoalhando a poeira que sobressaia das vestes roubadas,
Dos cadáveres que perambulavam pela cidade em movimento
Não movia-se uma pilastra do lugar em que nunca foi colocada
Das arvores em que os galhos gotejavam sangue.
Metade dos pássaros alimentavam-se das folhas secas,
A outra metade de carne humana,
E dos vermes que neles próprios encontravam
Faziam as vestes de teus escravos.
Eclodindo entre cada canto e outro conto desconexo
Comunicavam-se através apenas do silêncio
Inalterável era somente a escolha e a direção do voo
E os latidos, que vomitavam ao ar suspendiam as asas,
Que mesmo quebradas abençoavam a carnificina em movimentos estáticos.
Foi a celebração mais bela que já vi
A morte vestia-se de pele
A pele vestiu-me de ossos
E os olhos mesmo sem ver, esmagou-me a visão
Então perdi o elo,
Quebrei a corrente
Rasguei a pele,
Mastiguei-me até os ossos.

Oh! Deus?

Caminhe entre as nuvens
Coma teus orgãos genitais
Adoeça sem cura
Abençoe.
Os deuses mentem
Alimente o karma em gaiolas abertas
Emudeça o ar
Engula o vento
Rasgue a pele
Mastigue seus dentes
Cale a bandeira
Enterre-se vivo
Obedeça o delírio
Sua carne podre
Sangra negra em nossas mãos
A única palavra não dita
Nunca pensada antes
Não diria depois
Escureça a noite
Apodreça os dias
Coma pedaços de vidro
E não ame
Não ame
Se arme
Mutile teu irmão
Escureça tua pele
Queime teu amigo
Faça magias negras
Se faça escravo
Alimente-se com fezes
Crie bactérias
Banhe-se com vermes
Contamine as águas
Deixe o doce amargo
Mate o cantor
Abençoe o ditador
Recomece do fim
Beba acido
Não plante flores
Fume mais
Beba mais
Drogue-se mais
Mate os animais
Derrubem as estrelas
E queimem a lua
Queimem a lua
Suicidem-se mais
Beba sangue jovem
E machuque um idoso
Machuque um idoso
Cague nas escrituras divinas
Limpe o cú com o santo sudário
Queimem as igrejas
E matem os pássaros
Matem os pássaros
Deus, mate os seres vivos
E alimente os mortos.
Deus mate os mortos,
Alimentando-os com carne podre,
E viva.
Oh! Deus?
Morra, antes que a vida o mate.