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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sem água


Excomunguei minha alma para fugir em pecados, uma especie de cólera infinita me tomava as entranhas, engolindo meus ossos, eclodindo minha pele em especies e substâncias extraordinárias. Observava a luz que me tomava como alimento e na caridade em maldição me inspirei em meus últimos sonhos não sonhados.
A verdade era que meus demônios não estavam dispostos a me enfrentar, recoloquei então a coroa de espinhos apertando-a contra minha cabeça até que apodrecesse meu pescoço, na cruz nem um desgraçado sequer, olhando-me sem olhos para os espelhos do meu céu desci até o inferno.
Detesto este cheiro de vida e em meus olhos o colírio da manha é uma brisa passageira, revisto-me somente de sarcófagos e túmulos, reascendendo o coração tubérculo na infâmia em que te coloco fora de minhas estradas, assim calado nos digo tudo que não é fácil sustentar para me manter morto.
Roubei aquele frasco sobre tua mesa naquela noite em que morri de sede, bebi um, dois , ou três goles nada suficientes para que eu pudesse colher gotas do nosso sangue, manchando o travesseiro de substancias petrificadas nenhuma cor reconhecida, pela janela os morcegos zumbis alimentavam nossos vampiros de estimação, sim! Comeram as carnes dos lobos, e a manha prosseguiu assim pela eternidade sem vida.
Desconjuro-te anjo benevolente dos céus negros e te abençoo e me condeno a forca ou a um gole de veneno qualquer, tanto faz ,para a morte indigna dos nossos antepassados não daria a eles nem um pedaço de minhas doenças, tomo uma a uma com meu egoismo exacerbado e grotesco.
Sensualidade na ausência dos crimes em que pago, amordaçado e preso aquela arvore caída, a relva da manha somente sufoca o teu perfume, que escapa do teu corpo morto a cinco dias dentro desta jaula, visto minha roupa de Deus e retrocedo em nome do demônio, toco minha harpa, sangro sobre o piano enquanto prostitutas cegas tocam violinos surdos.
Deus tire-me daqui, desgraçado é teu nome em que clamo e não vejo clemencia, minhas mãos com o sangue de mil homens estão caídas sobre teus pés você não vê?
Senhos das águas negras e profundas, afunda-me a cauda sobre este terremoto, desvenda-me a alma dentro deste furacão, leve-me em tempestade.


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