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sábado, 20 de julho de 2013

Era tudo Inverno

I

Era tudo inverno, inferno e verão,
Luzes incendiarias proclamavam incisões sub-cutâneas
Na engrenagem das maquinas corporais,
O sangue bombeava para fora da pele as uvas mortas.

Nas veias do absurdo metades das potências intumescidas,
Adormecidas em congestões lúgubres, contrariando as luzes dos castiçais,
Ludibriados os presentes assinam as cartas em nomes ausentes, inexistentes,
Comemorando o vazio de cada restoio de tinta que sangra.

Era tudo inferno, inverno, quimera,
Nas dobradiças o ranger do tempo rugia
Como infecção na próstata esfaimada
Em aniversário de morte adiada.

Afiadas as aves desafinavam as garras
Atrofiadas, e cravavam na pele o osso do escarnio,
Carnificina emoldurada em ilustrações abissais contaminadas,
Eletro pulsações insensatas, espirais, moinhos de vento, deserto.

Não, não era inverno, inferno, 
Bastardos, estrangulados no alto do penhasco
Jogam cartas com os reis, sem chifres ou chaves,
Buscam na masmorra a perpetuação em perpetua inexistência.

Tardio o golpe alto, nas mãos da grande cúpula
Sofregaram em ardilosas punições e insinuações
Apoderando-se do meu eu magnético sofredor,
Entojado dentro do bolso o enigma das avarias.

II

Era tudo maligno e de certa forma benevolente,
Envolvente poça de estrume registrada em depoimentos histéricos,
Hemisfério do expoente azul, atrocidades epíricas eletrocutáveis,
Inaudível como o canto do pássaro morto em meu estomago.

Não, não fui evadido, nem alimentado,
Através das correntes sub-jugadas da amnésia atemporal
Escreveria a pele demoradamente nas gotas do orvalho queimado,
Evaporando-se pouco a pouco acada manha em que o espirito nasce mais morto.

Engrenagem descontinuada e ferida alastrou-se através dos vinhedos
Barris de culpa gotejavam almas de escravos, farrapos, pele e ossos,
Sangue dos espíritos que bailavam abaixo a linha da cintura
Demonificavam os deuses em angelicais passagens sagradas.

Testamentos não assinados, apodreciam nas mãos e braços arrancados
Pelo alto escalão das agonias inconscientes, ascendentes de signos experimentais
Argumentavam em silêncio sobre cada espaço esquecido, 
Dentro de cada significado não encontrado, uma resposta em pergunta a outra.

Alojado dentro do meu vicio esfomeado
Descontrolo em hipnoses o canto adormecido das vísceras
Arrastadas pelas ruas, cobrindo a neblina sobrevoo a sombra do unicórnio retardado
De asas cansadas e secas pela chuva que curvando-se a veracidade da morte.

Espantosa fez-se a lua, que de luar em luar, escondia-nos dos monges
Acorrentados, nas florestas onde cada silêncio cumpria-se em leitos,
Auto-medicados os hospedes malfeitos, terminavam entre a guilhotina e a forca,
Bruxas apoderavam-se das almas rarefeitas que restavam na superfície celeste.

III

Pecaminosos os cadeados abertos chaveavam as portas,
Estropiados os guerreiros mumificavam suas esposas malditas
Restaurando cada enredo perdido das mortíferas peças de amor e ódio
Pedidos eletrocutavam as mentes dos que sem dar, não podiam toma-lo.

Envolto a correntes florificadas respirei enfim o sangue daqueles animais,
Todos em torno da passividade momentânea duelavam em estações desconexas,
Congestionadas, amenizando cada epístola sagrado na carne que desperta
Podre, abstraindo cada enigma distópico nos sonhos que lhe deram.

Inferno, não era inverno!



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