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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Poema Desfeito

 I

O amor é vadio
É noite em dia
Dia sem noite
É piada, um leito
Um poema desfeito.

O amor é vida é morte
É alimento e fome
É sede, vinho,
Água impura, suja, amaldiçoada.

É ódio, escuro,
Claro e incompleto
Completa-se em outro
Perde-se por nada.

Destruindo-se em si mesmo
O amor é tempo, mal calculado
Perdido, planejado  
É sangue, veias, carne, pele e poros
Para quem vive, não vive
Para quem nasce ou morre
O amor é culpado, sem ter culpa alguma.

Para os que se cansam, se perdem, encontram,
O amor é alivio, culpa, calor, frio desmedido
É mentira, vaidade, é verdade,
Não é nada, ou já foi tudo
Ninguém conhece ou desconhece, sabe ou entende
É agonia, harmonia,
Suicídio, almas, vidas,
Não tem tempo ou lei, não é doença ou cura
Não se paga, não se compra, não se vende a quem se doa.

Se recebe ou não recebe, pelo amor não te culpe
Não me culpe, não se canse,
Não o mate, não se odeie,
Não destrua ou construa
Amor não tem vida, não tem cor, cheiro
Perfume sem sentido, divida alheia
Um pedaço despedaçado
Uma flor imaculada.


Flor carnívora
Sem fome, ou sede
O amor não se perdoa só por somente amar
O amor ama se odiar, maltratar, doer, machucar.
Se não machuca, cura, ferindo a ferida cicatrizada
Alimentando tal palavra letras, pontos e versos
Falidos, expostos, exclusos.

Amar
Amor é distância, dor e cura
Não esta perto, longe
Nunca esta aqui, esteve ai.

O amor odeia amar, desconhece esta palavra
Se não pode odiar o que se ama
A quem se ama,
Que se odeie então os que amam
Que se percam os encontros
Encontrando-se em desencontros
Fatídicos, castrados, escassos, vazios
Cheios de falhas, perfeições,
Doente e imperfeito
Amor que vai, amor que vem
Que se foi, nunca ira voltar
Se voltar sem completar,
Incompleta-se só por amar
Se não amas, não perde, não ganha
Não vive ou morre.



Entretanto se existe amor
Em que duvida ele esta?
Em que tempo se perdeu?
Em que amor se encontrou?
Onde se esconde?
Onde procurar?
Em qual questão devemos formular tal palavra?
Tão forte, frágil, indignificante
Fútil ou verdadeira,
Amor não é uma palavra, são muitas,
Poucas, enfim nenhuma.

O amor não se conhece ou desconhece
Amor que padece em vidas
Amor que nasce em mortes
Em mentes cansadas
Em chances perdidas
Relógios errados, atrasados.

Então!
Encontram-se os amantes
Em estações descontroladas
Disparando sangue 
Especies despreparadas
Eloquentes então nada em vão.


 IV

Verão no inverno
Inverno no calor do verão
É outono em primavera
Estação desconhecida,
Abominada cria desvalida.

Amor é céu
Inferno, enferma cria do peito,
Escroto, cálice de palavras ao vento
É juiz, réu, formulário vencido,
Um abismo calculado
Uma queda, um acaso
Um descaso, um repouso
Um olhar, uma divida
Um espaço, um vazio
Uma certeza, uma duvida
Amor é nada, tudo.

Amor é somente amar?
Palavras, gestos indigestos,
Sementes, pele, pelo e pesos
Amar é somente amor?
Sentidos, fluidos, carne ossos,
Sangue, penas, números fatídicos,

Amor?



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