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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Mordaça de Saliva

Minha pele cheira a café frio,
Posso ouvir a serenata de cada cigarro que se apaga
Chupando meus ossos nas avenidas de outrem
Caço tua pele em minha mordaça de saliva incendiada.

Pedras rolam de um abismo para cima,
Aveludados os corpos se unem em desunião
Criando a cria que beatifica os homens mortos,
Eu como estas pedras com o mesmo gosto em que respiro toda esta lama.

Desprendo–me do buraco em que me encontro,
Despeço me dos meus ancestrais vagabundos,
A primeira lição da maligna nuvem bastarda
Foi a última ulcera alcançada nesta manha.

Sou o espirito das cinzas que minha cisma consumiu,
São as cinzas das cismas abaixo da pele,
Sou a costura mal feita na pele dilacerada,
Sou a perdição apedrejando tuas catedrais.

Minha pele come a tua e envenena nossa pena,
Escrevo com letras de vinho nas uvas que sangram,
Mastigo o sol que nasce apagando para a lua,
Me transformo em tua estrela de barro nas cinzas do descaso.

O abismo me bebe, me come, me alimenta,
Os corpos engrenam em meio as indagações
Falsas, simultaneamente expostas a este diluvio,
Você não pode pensar, não imagine, imagina?


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