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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Mendigo



Enfim, detestável memoria dilacerada ao acaso, como uma fagulha incendiada uma vespa engole meu peito, vejo cada linha no horizonte emancipar-me os olhos que sangram pela metade e da outra metade quase cega pus e bigatos.
Devolvo cada fio de cabelo a terra que me come, meus dentes corroídos autoflagelam minha carne que derrete dentro do sol, qualquer lugar que a lua coube um dia, já não é mais lugar, então nos faço criminosos onde a honradez somente exaspera-me.
Levo comigo daqui, demasiados goles de espinhos e gotas de minhas secreções nasais, rio invisível com lamentos distintos, distintivos enferrujados e insignias magoadas, coloco-me em posição fetal e deflagro sinceros pensamentos acolhidos sobre a manjedoura, em meu crânio povos incandescentes e florescentes em luzes vazias se desesperam, nada mais me desperta, pois entre todos neste mundo fui eleito como capitão da desgraça e da morte.
Maligno enfim o dia em que voltei a terra em corpo de besta maculada, salvo pelos demônios que nunca souberam de minha existência, sim fizeram-me pai, filho, mulher e menino, comeram meu corpo e beberam meu sangue inúmeras vezes, pedi para ser banido daquele lugar, onde nada era quente, nada era frio, eu enfim um anjo domesticado, sangrando espirito.
Não ignoro o culto em que se cultuam as fantasias de todos os meus cadáveres multifacetados em espelhos etéreos o enternecimento para o crucificado na hora em que me masturbavam com o crucifixo em brasa, minhas únicas lembranças deste dia além da pele derretendo, foram as palavras de misericórdia que não me disseram, desfaleci em vida engoli o óbito para poder voltar a terra.
As asas, me roubaram, me jogaram la do alto...
Enfim fui Deus por um dia, matei e como matei, cada um de meus irmãos da forma mais dolorosa possível, eu vi todos sangrarem e apodrecerem em segundos frente aos meus olhos doentios, sim, roubei cada alma e guardeia-as dentro de mim, longe dos pássaros eu pude voar, sem asas eu pude, mas enfraquecido pelo teor de minhas desvalias cai de uma só vez.
Eu não valia nada, exatamente nada, talvez o nada tivesse mais valor que minha alma naqueles sinceros momentos de escuridão, nada e nada, pedi a minha querida que me trouxesse cálices de fogo e fragmentos dos meus eus despedaçados por ali, sabe, ai bem ao lado dos teus pés.
Calma, Pare!
Por favor, não pise nos meus olhos, meus sonhos sujos ainda estão ao nosso lado, do verbo maldito guardei a cura, para enfim, no fim de tudo dizer somente..


Sem água


Excomunguei minha alma para fugir em pecados, uma especie de cólera infinita me tomava as entranhas, engolindo meus ossos, eclodindo minha pele em especies e substâncias extraordinárias. Observava a luz que me tomava como alimento e na caridade em maldição me inspirei em meus últimos sonhos não sonhados.
A verdade era que meus demônios não estavam dispostos a me enfrentar, recoloquei então a coroa de espinhos apertando-a contra minha cabeça até que apodrecesse meu pescoço, na cruz nem um desgraçado sequer, olhando-me sem olhos para os espelhos do meu céu desci até o inferno.
Detesto este cheiro de vida e em meus olhos o colírio da manha é uma brisa passageira, revisto-me somente de sarcófagos e túmulos, reascendendo o coração tubérculo na infâmia em que te coloco fora de minhas estradas, assim calado nos digo tudo que não é fácil sustentar para me manter morto.
Roubei aquele frasco sobre tua mesa naquela noite em que morri de sede, bebi um, dois , ou três goles nada suficientes para que eu pudesse colher gotas do nosso sangue, manchando o travesseiro de substancias petrificadas nenhuma cor reconhecida, pela janela os morcegos zumbis alimentavam nossos vampiros de estimação, sim! Comeram as carnes dos lobos, e a manha prosseguiu assim pela eternidade sem vida.
Desconjuro-te anjo benevolente dos céus negros e te abençoo e me condeno a forca ou a um gole de veneno qualquer, tanto faz ,para a morte indigna dos nossos antepassados não daria a eles nem um pedaço de minhas doenças, tomo uma a uma com meu egoismo exacerbado e grotesco.
Sensualidade na ausência dos crimes em que pago, amordaçado e preso aquela arvore caída, a relva da manha somente sufoca o teu perfume, que escapa do teu corpo morto a cinco dias dentro desta jaula, visto minha roupa de Deus e retrocedo em nome do demônio, toco minha harpa, sangro sobre o piano enquanto prostitutas cegas tocam violinos surdos.
Deus tire-me daqui, desgraçado é teu nome em que clamo e não vejo clemencia, minhas mãos com o sangue de mil homens estão caídas sobre teus pés você não vê?
Senhos das águas negras e profundas, afunda-me a cauda sobre este terremoto, desvenda-me a alma dentro deste furacão, leve-me em tempestade.


Tua

Eu que me despedacei, sempre que pude
Entre os horrores terrestres
E nas faces imundas de sal
Carrego meus ossos agora com orgulho.

Não pude me surpreender com tamanha fraqueza
Que em certos dias me assombrou
Sim! Nada como sempre.
Em cada fagulha dispersa, e o fogo cessou!

Não estive calado, muito menos falei algo
Em cada doença terminal se cumpriu em mim
A única cura possível, passível e passional
Na falha em que me alimentei, renasci.

Em cada sombra perpetuava-se o amor
E na penumbra dos meus sentimentos mais puros
Não segui exatamente o cronograma do destino
Desatino em desafios na calada da noite em que parti.

Cheguei a pensar, que eu não podia mais pensar
Mas, estive distraído demais para sequer ser eu mesmo
Em uma súbita, dormência quase que fatal dos sentidos
Perdurei e subtrai as paisagens que me faltavam.

Adicionando a mim doses excessivas do que realmente sou
Relembrei os minutos passados em que eu não pude atravessar
Aqueles mares e oceanos que me afligiam
Bebi o doce mel do descaso, no casco do navio afundado.

Eu naveguei sem forças pedindo forças ao acaso
Dando voltas na ilha em que te encontrei
Eu sempre soube desde o fim
Que o inicio seria assim.

Sempre, na magnitude das almas que se cumprem
Nos abraços e amores que nos salvam
A perseverança que nunca pedi a mim foi dada

Nos teus beijos em que minha alma se perdeu, encontrei.

Obscuro

Deitado sobre a grama observo as curva sonoras do vento
Perdi a linha em que me foi confidenciada a verdade
Mesmo não tendo forma alguma para poder imaginar
Toco as nuvens que se formam acima de mim.

Atento-me a única solução possível
A calma na sub-existência descomunal
Na mesma paciência que sou obrigado a engolir
Nas diferentes faces que sou ensinado a cuspir.

A moeda de troca é um pedaço de morte
Onde se escondem camadas de vida
A podridão da mesquinhas presenças
Diferem os ferimentos dos passageiros.

Rabiscos que vibram saltados na pele
Atordoando os olhares que falam
Mais do que boca calada

Na esquina em que esquecemos nossos pensamentos.

Paraiso

A morte perdeu suas lágrimas
Com nossas filhas adormecendo na lama
Glorioso destino ausente
Para fora das portas das cabanas de vidro
Lá, por onde retiraram nossos olhos
Nos colocando em frente as portas do paraíso.

Nos buscam através dos muros
Nos dão um rótulo e um numero de série,
Cravam es nossas gargantas...

Todos nos dizem sempre o que não deve ser dito
Colocam fogo em tua família
Queimamos todos juntos
Como esqueletos feitos em espelhos.

Sem voz, você corre
Cego de alma
Com os olhos quebrados
Nos fazem nos calar.

Aceito a condenação.
Adormecendo no banco dos condenados
A mente me faz réu
A dor é meu juiz
A vida nossa culpa.

O amor morre junto aos corpos quebrados
A noite o elixir dos rastros
Difundido em espaços escassos
Contornos os sonhos
Esquecidos em ausência.

Na cura para dor?
A morte, partindo para o infinito


Inicio



O reflexo da sobriedade,
Absorvendo a sanidade,
Roupas não te fazem sentir menos frio
Do que o calor que nos absolve.

Eu consegui no desvio de um olhar,
Nos abastecer para todo o sempre,
Eterno e etéreo na calamidade invertida 
De todo o abstrato.

O reflexo no espelho não nos torna mais vivo,
O espelho que se quebra não nos traz mais azar,
A sorte não é algo que se compra,
A verdade não é algo que se roube.

Os sentidos não corrompem os sentimentos,
Quando em cada linha de pensamento,
Nos comprometermos a ficar,
Nos desfaçamos dos seres que não somos.


Renascem



Invertido em fumaça,
Observando os escombros,
Reconstruindo os espaços,
Que a mim foram dados.

Na língua que cumpro,
Na língua em que digo,
Na obscenidade cruel, 
Em que me roubam a verdade.

Na espécie, não acredito,
Só cumpro,
Vou além,
Na indigna desvalia.

Em que me tomam um dia,
Em que te tomo neste dia,
Em que me tomam um dia,
Em que te torno neste dia.


As águas



As águas se movem
Na dança da vida,
Onde a vida se esconde
Na procura da alma.

As água se movem
Escondidas na lama,
Das casas perdidas,
Na procura da vida.

As águas não molham,
Se secam e choram,
Perdidas no espaço,
Em que não cabem, transbordam.

As águas socorrem,
As águias que morrem,
Na fertilidade do desespero,
Na virgindade do desejo.

As águas se explicam,
Nos convencem,
Reivindicam,
Na brutalidade, da tempestade.

Ás águas que bebo
Não matam a sede,
Não molham não secam
Não vivem, não morrem.

As águas me bebem,
Me sufocam, me afoga,
Na simplicidade
Da transparência, em que vivo e morro.

As águas levam,
As águas trazem,
No decorrer da vida,
No espaço da carne.

As águas esperam,
Descem e se escondem,
Na perseverança do acaso,
Na certeza do escarro.

As águas nascem
As águas não morrem
Águas e águias
Algas e águas


Os Dias



Os dias irão passar e a cada dia passado
O passado não será lembrado,
Os dias irão passar e a cada dia passado,
No passado ficara.

E os dias que não passam?
Que no presente estão,
E os dias que passam?
Na ausência deles próprios.

Os dias irão passar,
Como cada noite na eternidade ficara,
Os dias irão passar,
Como cada dia na noite perderá.

Os dias são como o pranto,
Escondidos na miséria deste canto
Livre, escondido, aprisionado,
Como um pássaro em uma gaiola amordaçado.

Os dias passam eu fico, não vou,
Os dias passam eu sinto, eu sou,
Os dias passam eu vejo, não me vejo,
Os dias passam e derrotam o desejo.

Os dias ficam, sonham, e morrem,
Os dias permanecem, ficam e correm,
Os dias se calam e falam e falam,
Os dias, são dias em que me encontro em desencontro.

Dias escuros e claros,
Dias belos e feios,
Dias longos e curtos,
Dias e dias, longos dias.

Entre a tristeza e alegria,
Não me perco, te encontro,
Entre o pranto e o sorriso,
Não me vejo, mas te vejo.

Dias permanecem, não se esquecem,
Dias em vida, dias em morte,
Dias e dias, noite e dia,
Dias e dias longos dias.


Eu e o Realmente


Realmente, na real,
Eu não espero acordar,
Na vista que te olha as cegas,
Eu não espero acordar.

Realmente, na real,
Eu não espero dormir
No sono que me culpa,
Antes do dia em que me abrir.

Realmente, na real,
A verdade, é o enigma da cura,
Na doença que nos procura,
Na duvida seguinte.

Realmente assim espero,
Espero, não esperar,
Espero acreditar,
Espero sempre duvidar.

Logo eu, eu?
Sempre carregado de incertezas,
De indomadas certezas,
Pude eu acreditar?

Logo eu, eu?
Que nunca fui,
Não vou,
Não seria.

E na metade da tua capacidade,
Que não me condena,
Dentro de ti,
Nos teus sonhos permanecerei.

Em longas datas e lágrimas,
Em longos amores e sorrisos,
Em curtos espaços de tempo,
No tempo em que volto.

E assim eu fico, permaneço,
Mesmo sem ficar
Eu sei que estou
Eu sei que somos.

Na medida do tempo
Em que sou, você é,
Somos, vida após vida
Amor de um só amor


quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A Alucinações São Inúteis

Adormecido ao som da lua em que agoniza
Observo a átrio espesso de minha amargura,
Condolências humanos obsoletos
Comerei minha pele está manha,
Na fagulha do escarnio que Deus me lançou
Como peste, feitiço, magia, macumba.

Não me olhe assim, como seu eu fosse maluco,
Nada de tão espantoso hoje é mais assustador,
Quanto minha face suja no espelho de teu olhar
Eu sei, eu sei...
Eu sei...
A alucinações são inúteis,
E na medida que meu intestino pesa sobre tua coluna
Inverto os pés, desfaço a curva.

Molestado, invadido pela carne que urge,
Despedaçado o individuo, abandona a alma...
No centro cirúrgico dos anjos que o estrangulam
Ah! E se dentro da alma existe a morte?
No cranio acéfalo desconectado
De cada moléstia que de em si mesmo apodera
Na ânsia do inconsciente delírio.

Tem a certeza que talvez seja propriedade,
Das nuvens de chumbo nas engrenagens dos ossos,
Que em espasmos musculares apedrejam a tumba
No calvário em que os pés foram deixados,
Por conta da ciência maligna
Da falta homicida concedida ao suicida.

Disse isto ao salafrário malfadado,
Afogado a podridão do sangue humano, imerso,
Submerso as cinzas da incoerência infernal que era a vida.
Julgava ouvir monótonos mentecaptos,
Executava a jugular assombrada pelos dentes do vampiro assustado.

Como pode amanhecer novamente se nem vi a noite passar?
Da vida intrínseca em que me falha o asco,
Na alegria visceral em que me descubro morto,
Entrego meu espirito a tua mãe morta
Na parte inferior da célula que teu pai me sufocou.

Adeus pequeno delírio,
Morri antes do enfermo analgésico,
Mendigando por um pouco água,
Na calada da noite em que morri de sede.


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Povoador de Solidões

As populações de minhas solidões estiveram caladas, não havia sequer um numero de habitantes invisíveis a serem contados e perante a qualquer circunstância resgatando minha alma imaculada morri antes de me me sentir morto, a pureza dos santos macabros dominava a solidão de cada um dos meus demônios, eles me tocavam como uma harpa quebrada nas mãos de anjos nefastos.
O Som alto da agonia  estrangulava as noites de silêncio  em que os corpos tomavam a proporção dos inquilinos condenados ao inferno, não nos digam que culpa temos, mas sim a quem devemos matar, então entre as luzes que se apagavam no inicio de cada manha de tormento somente tento respirar partes deste ar escuro  desvendando os olhares in vitro que minhas serpentes lançaram  pelas entranhas da noite, respiro novamente, mas agora em lágrimas cegas os introspectivos silêncios em que fui obrigado a beber, claustro, falso, insano e perverso me afogo na verdadeira culpa insana de minha covardia bastarda, calome em palavras fecundas que me cegam mais do que a distância que meu silêncio podia percorrer.


O Último

Respiro em ti fora do meu ar,
Incomodado me desconcerto,
Preparo o concerto final...
A última nota,
O último acorde.
Meu amor morreu fora de mim
Dirijo minha vida para o fim cada vez que me levanto.


Entre a Lamina e a Forca

Teus olhos negros penetravam a transparência dos meus sentimentos,
Envolto aos teus cabelos, tua pele marcava a minha para sempre
E todos os sentidos foram divididos da pior maneira possível.
Então encontrei meu carrasco, fazendo de minha mente o próprio algoz
Dentro desta nuvem de solidão infinita.

Amarro teus cabelos em volta das minhas mãos e abrome em partes desiguais,
Enquanto o canto de nossas peles nos ensurdecem
Ouço o som da saudade se aproximar.

Casa de espelhos inversos
Nos versos calados na descida da colina,
A falta de minha identidade
Cala qualquer tipo de sentimento,
Vejo meu reflexo verdadeiro,
Mas não mais me cortarei em pedaços.

E por onde passo não vejo mais significância real na realidade...

Coloco teus seios no meu altar de solidões profundas,
Inverto a distância, nesta falta de crença no amor,
Beijome então com a pureza desgraçada que ainda me resta,
Não posso dizer adeus,
Pois não estou mais em lugar algum.



Sensorial

Quando tudo que nos resta é expor nossos segredos
Você nota que o fracasso é como sexo mal feito das almas
Quando foi que paramos de pensar para apenas sangrar?
Tudo que tive voou tão alto naquela espécie de redemoinho virgem.

Nada do que esperamos nos trouxe ao ao universo real,
E vamos então quebrando nossos caminhos
Cantando então o absolvimento de nossos sonhos,
Cansados...

Enquanto observo a pureza ao meu redor
Sinto arrepios pelo corpo,
Te vejo lá longe, torno me a fumaça, e transtorno os pensamentos
Neste funeral.

Nunca desejei que esta brisa me tocasse...
Enquanto um anjo apaga a luz,
O outro me ama em idiomas desconexos,
Eu somente aspiro as chamas.

Disperso me então e alheio a tudo toco me ao nada
Estive prestes a morrer como um idiota
Você nunca me disse que seria tão difícil
Mas eu nunca achei que seria tão fácil.

Ha uma semana atras enquanto me suspirava em minha alma
Teu suor me tomava os lábios absorvendo nossos sentidos
Traduzindo em movimentos aquela pura orgia macabra...
Enquanto eu perdia parte do meu amor perdido.

Encontrando dentro do teu corpo, meu corpo...
E desde quando aprendi a me afogar sem água
Tudo que perdi,
Foi aspirando pó e fumaça.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sobrenome

Pólvora e poder, molhados em água seca e fria.
Algas marinhas,
Unicórnios amestrados,
Postos, repostos, entrepostos,
Vigílias, apague as velas da tua alma.
Tua cabeça foi arrancada, apagada...
Então acenda a ira em volta do teu corpo mutilado
Ressurreição,
Sete dias?
Quebre a coroa, antes que sua cabeça caia.
Os cavaleiros irão chuta-la com espadas cegas,
Marcarão teu corpo com os sinais do tempo
Em que não teve tempo para fugir.


Sou o garoto que morreu sentado em frente a tua cela, cabelos enveredados na videira da morte, completando os quebras cabeças com peças de porcelana quebradas, apóstrofe incendiando os espectros iluminados, apagando cada cereja podre em cima deste pedaço de bolo enlameado, auto inflama, retrospectos inaudíveis lançando chamas, cavalos cegos, soldados machucados nas florestas do destino, soldam os corpos com pedaços de vidro.

Acendo em Nós

A insegurança me atinge em níveis catatônicos,
Quando atravesso a rua, vejo aquele óvni me atropelar
Faremos então em minha mente uma icognita
Desenhando o destino na fumaça desta água.

Acendo em nós uma chama apagada,
Não vejo cores quando sonho
Conto cada minuto em um conta gotas quebrado
Desespero te em teu despertar.

Da arma enferrujada apontada para as falhas,
Tenho em nós a esperança,
Em minha espaçosa desvalia
Armada e amordaçada.

Vivo o hoje para que o amanha não destoe...
E no desabrochar de todos os minutos
Minha mente não esquece os frutos,
Que não colhi mas foram a mim dados.



Anomalia

Revestido de penas meus traços esquecidos perderam a cor,
Restaurando as anomalias decorrentes das poeiras cósmicas
Alastrei meus enigmas envolto as correntes que quebrei,
Subestimei meus vícios e cai mais uma vez em contradição

Chamei -me por teu nome, mas foram todos os outros nomes 
Que lembraram de mim, eu fui enfim todos os outros.


Disparates

Se eu fosse o sol, 
Sufocaria as estrelas
Comendo grãos de asfalto,
Bebo as vísceras de meus irmãos mortos

Se eu fosse a lua
Cortaria teus olhos em pedaços
Mudaria a cor dos meus traços
Trocaria teu sexo
Na mesma hora em que me desfaço.

Enfermo e cansado estaria,
Desabotoando a pele presa a mim.
Engulo os parasitas que morrem
Afogados em minha garganta
Vivendo dias em morte.

Escurecendo o passado,
Esqueço o amor,
Amante dos vermes
Das pinturas do acaso.

Se eu fosse uma estrela,
Cairia em pedaços
Sem luz e sem vida
Adormecendo em peles descascadas.

Se fosse o amor
Me amaria de ódio,
Sendo ódio então
Partes do infinito, que se acabarão


Entre o Sono

Enquanto eu tocava teu corpo, a vida me cobria de morte
Todas as línguas entrelaçadas em forma de serpente
O rei morto suspira em declínio, suplicas,
A noite os soldados jogam cartas
E bebem do próprio sangue.
Correndo todas as manhas seguintes para caçar os sonâmbulos.

As mulheres morrem todas as tardes antes do jantar
Agarram se a elas mesmas com com as unhas arranhadas
E os sonhos de tão enferrujados derramam as nuvens do céu
Abaixo dos pés.

Todos os anjos estão mortos
A juventude de tão cansada somente caminha
Pelas estradas do nada.

Eu nunca estive certo
E qualquer palavra esquecida
Não será, nunca lembrada por alguém
Nós nunca soubemos como dizer
Entre uma explicação
Em ruínas as lágrimas choram
Pela eternidade.

Toda juventude morreu
E os anjos de tão mortos, caminham,
Caminham sem pernas pelas florestas da noite.

Eles me fazem favores
Rasgam minha pele
Estivemos contaminados por anos
Por todo e qualquer tipo de beleza
E quando o frio da realidade nos tocava
Adormeciam então, os sonhos cansados.



Face

Eu sou a véspera do sangue
Antecipando o corte na face.

A faca atrofia no peito,
Maldito divisor de palavras.

A mente que escapa aos dentes,
Figurando aos que passam...
Os olhares da desgraça.



Todos Caem


Suspiros congestionam meus sentidos, 
Não quero dizer algo que possa provar minha condenação antes da hora.
Supero todos os dilemas diários
Sobrevivo em uma espécie de jaula onde tudo transborda claramente, 
Sem que eu possa ver.
Me afogo na sobriedade dos sentimentos mais torpes e perversos,
Não me assusto mais, não me socorro mais, 
Nem menos,
No mais, foi por pouco.

Nada sobrevive as palavras nunca ditas, desfalecendo de maneira cínica,
Encontro minhas bruxas, em distúrbios malignos
Não posso contactar- me mais a qualquer função que me tome menos tempo
Do que o tempo me torna, de forma estratégica, somente resolvo me esconder,
Estive me despedindo de todos os outros que me foram
Nos torno partes inferiores de tudo que nunca fomos,
De tudo que nada somos.

Vidas a beira da morte, em uma estrada esquecida
Encontro meus pesadelos todos mortos.
Todos caem, todos caem...
Enquanto os sonhos morrem
Você percebe que não irá mais acordar
Vivemos de maneira, em que não podemos cair,
Você será atropelado pelas próprias palavras que você não diz
Algo pior sempre estará a sua espera atras daquela porta
As chaves quebradas, escondem as duvidas
Enquanto morremos por nossas razões um pássaro nasce.

Nós nunca voamos,
Em céu algum poderíamos suportar tal pureza
Nós nunca voamos
Em céu algum,
Enquanto permanecermos vivos.


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Crânios no Ânus

Desligome dos pesadelos futuros e alcanço a febre diária 
No espaço entre o sol e o lixo que mastigo, 
Apodreço em tua linha de pensamento, você não pode se esconder.
Corra virão te buscar, para o enforcamento sagrado terrestre, 
Pestes humanas te levam através dos vales de concreto.
Suspiros roubados desfalecem dentro do teu espectro de carne vazia,
Transponhame se o que pode perder é justo, não?
Eu não posso!
Já vendi todas as minhas duvidas,
Foi inesperado, entre cada tempo e o contra tempo, 
Fui sumariamente condenado.
Fui até o topo bem la abaixo, e eu também não pude me esconder.
Era o beijo da bruxa na floresta, 
Foi o que eu pude esperar...
E as palavras vieram para me calar a boca, 
E a musica cegou meus ouvidos.
Os soldados menores sangravam na estrada,
E ruido que eu vi era a água que escorria dos olhos deles,
Meu amor também partiu, se enforcou no sexto tempo desta guerra,
Ela pendurou sua cabeça 
Com meu intestino vazio, degolando meu estomago cheio de flores,
Vomitando sobre o palco eu fui nu pelas estradas, eu gritava mas ninguém ouvia
E confronto se iniciou.

O que você disse a ele?

Todos aqueles não puderam encontrar uma palavra dentro do livro dela,
Substituíram o sangue por um pouco de terra e dinheiro,
Mas a luxuria não mais podia compra–lo,
Sorrateiros os ratos invadiram os castelos em ruínas em que eu morri,
Eu vi todos morrerem de uma só vez,
O ópio não fazia mais efeito,
E o sentido roubado era dado ao presente anacrônico.

Reis se auto estupravam, Se auto intitulando rainhas Eles se chupavam e se mordiam, Enfiavam crânios nos ânus uns dos outros, Masturbavam suas mandíbulas com os pênis em brasa, O fogo das vaginas massacravam as línguas das freiras prostitutas, Padres incestuosos oravam com gotas de esperma nos lábios, Eu vi então, todo aquele sangue se perder E roubar de mim minha crença.


Estivemos vendendo a fé para vadios satânicos em nome de um deus de mentira,

Nada era esculpido de forma em que não se podia vender ou roubar,
Não nos viam presos nem livres
Era a suprema corte da podridão dando as regras novamente.

As famílias se matavam em rituais orgânicos de salvação,

As mães matavam os filhos,
Os filhos estupravam as mães,
Despudorados os pais ejaculavam em suas próprias bocas,
Amarravam as filhas nuas ao pé da cama com chicotes de gesso
E as pulseiras de arame farpado cortavam a moralidade das casas tradicionais,
Todos amarravamse a uma teia de vidro em mucosas virtuosas.
E a mãe disse ao filho então!
Minha vagina podre é tua,
E o Pai então respondeu meu esperma agora alimentara esta família, 
E todos então, se foram de uma vez para a sala dos genocídios grupais.

Os governos enfim não governavam mais e as nações se apagaram então de vez,

Gerados os frutos do desconforto e do desespero,
Caiam das arvores como frutas podres,
Os animais foram alimentados de carne humana
Todos então foram ao nada, cheios de tudo, 
Em uma nuvem suave e carregada de canibalismo e esperança...

Desespero ou não a morte por ideais é sempre um vão eterno,

Aberto no seio virginal da humanidade desumana.



Mordaça de Saliva

Minha pele cheira a café frio,
Posso ouvir a serenata de cada cigarro que se apaga
Chupando meus ossos nas avenidas de outrem
Caço tua pele em minha mordaça de saliva incendiada.

Pedras rolam de um abismo para cima,
Aveludados os corpos se unem em desunião
Criando a cria que beatifica os homens mortos,
Eu como estas pedras com o mesmo gosto em que respiro toda esta lama.

Desprendo–me do buraco em que me encontro,
Despeço me dos meus ancestrais vagabundos,
A primeira lição da maligna nuvem bastarda
Foi a última ulcera alcançada nesta manha.

Sou o espirito das cinzas que minha cisma consumiu,
São as cinzas das cismas abaixo da pele,
Sou a costura mal feita na pele dilacerada,
Sou a perdição apedrejando tuas catedrais.

Minha pele come a tua e envenena nossa pena,
Escrevo com letras de vinho nas uvas que sangram,
Mastigo o sol que nasce apagando para a lua,
Me transformo em tua estrela de barro nas cinzas do descaso.

O abismo me bebe, me come, me alimenta,
Os corpos engrenam em meio as indagações
Falsas, simultaneamente expostas a este diluvio,
Você não pode pensar, não imagine, imagina?


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Lavagem Nova



Porcos velhos e cansados comem lavagem misturada a sonhos velhos,
Sonhos velhos comem os porcos frustrados misturados a lavagem.
Quem sonha apodrece no limiar da liberdade que sufoca?
Ou liberta–se no seio da solidão amargurante?
É tão triste esta falta de amor, não é?

Masturbe se com a mão alheia
Apagando a ponta de teu cigarro apagado na própria testa.
Teu orgasmo coagulou?
E a paixão que sente é podre de poder podre,
Mantenha a castidade,
Segure o cabresto enquanto pode.

Acaricie no escuro, no carro apertado em movimento,
Caravana vazia, cheia de boas intenções?
Alguém sentiu tuas mãos, vomitando...
O que mais tem de liberdade ai?
O que mais tem de podre aí dentro?
Conte mais para nós, para todos...

Apagando a memoria cega
Saibam todos, você goza com a mão alheia!
Sua tela pinga esperma seco,
Abaixo a flacidez de tua alma o que sente?
Não perca se tanto, isto te corrói,
Sinta se livre para odiar,
Nós amamos também.


Solução = vazio.



Indignos sentidos presos em asas livres Flores e espinhos obviam o contexto masturbado O sentimento reverso subdividido e forjado, atrofiado. Ignorar o sentido quando lhe convém, Atracando me as almas do além, Valer ou não valer o tempo perdido, ganhado? Esquivam-se sobre minha alma, alguns estranhos fatídicos. Espadas da coragem escondidas à espreita Atras da porta aberta, tranco-me em indecência, Sumiço momentâneo na procura doentia, a falta. Amores jogados fora, para dentro da vulva, rebeldia interna, Externa em brutos sentidos, inalterados goles de histeria. Crise existencial, inexistência de perda. Tristeza. Sentir as dores físicas entre chicotadas de drogas e remédios. Mau mesmo é sentir na alma, negando o dote dado no carro em movimento, Esquivando-me da tua lamina muscular que o cérebro não comanda, mas deveria, Em busca do meu sexo, tuas teorias não preencherão minha vagina vazia. A alma sente dor, não se compra, não tem preço, sim valor, Um buraco no escuro, o vazio. A alma sente dor.
Acreditar em partes é não saber mais nada. A alma é simples. Assim como uma equação com raízes negativas, Sem solução. Solução = vazio. Não há resolução. Não há remédios, Pra alma em colapso. A matéria em dor? Inevitável. Apalpo em mim então o universo em minhas carnes, Negando em mim o papo da mesa ao lado, O inverso sempre é acompanhante de insanidade e desrespeito. Segure o cetro de tua glória mumificada, respire, vire-se introduza, No lado de dentro bem la no fundo onde desejas colocar, Sem saliva a seco, precisa de ajuda? Eu introduzo em ti, um pedaço, o teu inteiro! Não doeria em mim, se fosse em ti, Nem um terço das palavras entre um gole e outro, Entre um passo e outro.
Um machucado uma ferida, que eu já havia cicatrizado Abriu-se notavelmente, a alma, o buraco, o vazio... o abismo Ambiguidade infernal essa que me traz e eu faço, Das traças amigas fiéis companheiras de minha viagem, Falhas nas demonstrações de afeto, vícios literários Orgulho feminino intacto, o que de mal? Projeteis de corpos jogados contra a parede. Alinhando o meu de maneira desconexa, Fazendo-me o corpo em decomposição Decomposto viral de sobras inquilinas de tuas vaidades, Verdades? Não, eu não preciso, Gozo imposto por manipular a manipulação, Marionete do tempo e da personalidade. Bipolaridade ? O meu amor não merece teu endereço, Como o teu pau, e não mereces minha vagina. Sobressaindo dos teus delírios que me acompanham no ônibus lotado, Ou envolta a neblina do caminho de volta pra casa na madrugada, Não serei tua oferenda, não se ofenda, eu me defendo, Das palavras mordazes ditas ao pé do ouvido, Balbuciando o que achas ser correto, o que achas de todas "eus" Espero que morras entalado com tua língua em minha garganta, Ricocheteando os olhares depravados, não entrego os meus Que também são dignos de culpa, avarias, escarros e escárnios.
Puritana? Quem? Eu? Não faça-me vomitar em tuas moléstias, No oblíquo caminho de volta prefiro ficar sozinha Em meio ao meus goles de cansaço, Em minha dança você não cabe.

Homenagem a minha poetisa preferida, agradeço por ter ajudado a nós.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Suave


Respiro as lagrimas com o terço quebrado em mãos,
Não, não meu amigo, isto não é uma oração.
Elevo muito cada minuto de perdição,
Não, e sim ao mesmo tempo em que não.

La por onde aqueles versos foram enterrados
Eu via que tudo era incerto, comovente, não?
Tente olhar em minha face, enquanto durmo,
Se eu acordar é porque estou morto.

Tão suave e tão tendencioso é o que tu emana,
Por isto e somente, eu desejei hoje dormir por séculos.
Inatingível este desejo tão desnecessário,
Da face leiga de meu eu ordinário.

Reacendo o fogo que clareava em escuridão,
Inaceitável seria o que o presente me daria,
Testaram em meu corpo todas as anomalias,
Na face leiga de meu eu ordinário.



terça-feira, 27 de agosto de 2013

Células de um Lirio

I

Meu esconderijo dentro deste silêncio é minha maior obra,
A mais significativa de minhas desvalias,
Nas avessas caras deslavadas
De cultura e ópio.

Entregamos a todos estes senhores
Toda magia de nossas mentiras
Para simplesmente nos calarmos dentro deste feudo,
Nossa casa não é a verdade.

Foi em minha juventude que me enfiaste o punhal
De magnitude calada e sombria triunfando sobre meu corpo,
Desobedecendo as regras desregradas de meu eu morto,
Obcecado pela especie desconhecida deste funeral torto.

A frieza dos dias de agonia não te fazem permanecer,
Entristeceste dentre os descalabros desta desventura,
Aventurate então em meu corpo fechado,
Abrate então minhas portas amaldiçoadas.

Respirando em orações a musica que mais nos toca,
Não tocarei sequer nesta manha um centímetro de teu corpo,
Neste longínquo presente que nos serve de alimento
Matandome de fome nesta cela cerebral onipresente.

Células orvalhadas de cor esverdeada escorrem
Pelas veredas e vinhedos intocáveis,
Capítulos rasgados de minha acéfala cabeça,
Retirame desta liberdade aprisionadora por onde corro nu.

Estas trevas que me aconselham não me deixam desabrochar,
Os pés que sobretocam o caos em minha espessa solidão
Não medem nosso amor em que tu veneras esta compaixão,
Entreolhamse os olhos então de longe mais perto do que podem.

Deusa que me rasga as vestes ensurdeça me com teu grito
Vulcânico, em erupção coordenada acendame, queimame os ossos
Agraciando a mortalha em que a navalha toca interrupta
Em golpes precisos na carne, que esfarela na absolvição de meus delírios.

Lirio das manhas que me veste de sangue, escorrendo pelas frestas
Das portas funestas, entreabertas pelo vendaval que me percorre a alma,
Desviame o olhar tocame impuro nesta metamorfose vampiresca,
O sangue vibra nas presas, escorre pelos lábios, virgens intocados.

II

Musa das letras putrefatas, porque nunca me obedeceu?
Seguiu para longe, partindome o peito dislexo
Neste mortuário de desilusões e frustrações, permaneci,
Obcecado por te eu sanguinário desferindo golpes na ferida entreaberta.

Dizeime que nesta fatal antítese pavorosa
Não existe verdade, somente um punhal afiado e enferrujado,
E por todo lugar que dirijo a palavra não tocais sequer
Sinceramente o local desejado.

Obvio, seria  tudo belo se não fosse mentira,
Caminharia por estes vales claros de sol amargurante
No doce descaminho de tua pele cor de neve,
Desbravando os sentidos pelo mundo do desconhecido.

Interruptos seriam os vocábulos,
Persistiria na peste que me cega a boca
Dobrando me a língua na falacia que se esconde
Apedrejando a face da verdade, que deteriora em minhas lagrimas.

Descoordenados rigorosos corvos que passeiam
Pelo céu de chumbo, clareando me as vísceras amontoadas
Pelo chão do despautério que me dizem ser somente calafrios
Nestes dias que a vida nos enche de desenganos.

Amaldiçoados sejam os os cálculos que nos absorvem
Deixando escorrer pelos trilhos de nossa servidão
A ignorância, que transpõe no destino verdade e mentira,
Medo que ignora na alma o vicio etéreo da eternidade.

Morreras calado servindote o caldo da ilusões,
Não atravessaras um dia sem que uma noite te apavore,
E na sequência da vida em que te toma a morte
Te entreolhe, com os olhos de um lobo faminto.

Viveras na vida o incerto pesadelo de não acordaste
Pendurado a corda de tuas confissões obsoletas
Ouvindo o concerto magnifico da partida de tuas emoções
Ensurdecidas pelas crias abstratas do demônio.

III

Deus não te abraçaras abaixo nem acima dos infernos,
A fuligem cegara os olhos cegos, atormentando os anjos
Castrados, que permanecem visíveis navegando pelas almas bandidas,
E no vazio de tua culpa e glória te afogaras na fogueira dos céus.

Diabo, ah! Pobre diabo porque que tanto maldizem de ti?
Mas por que tanto te beijam a boca?
Dormem abraçados todos nus nesta orgia carnavalesca
Sobre o teu corpo belo, esculpido pelas alegorias da morte.

Te comem a carne vadia e impura bebendo na pureza
De teus prazeres magníficos e claramente obscuros.
Ah! Pobre diabo, que tanto nos da o gozo por estes caminhos
Entediantes de Deus, ocultados na face do evangelho dos homens.

Te bebem como esperma doce e fresco,
Extraindo das uvas cálidas das almas outrora noturnas, agora
Distraídas nas manhas de domingo confessando os pecados
Cometidos em teu honroso nome, ah! Pobre diabo.

Na catarse deste estropiado pensamento exaltando a virtude
Na visão turva, embebecida pelo álcool dos espíritos marginais,
Diga me algo, já que deus me parece tão calado,
E na notoriedade desta chama fria aqueçame junto a sua couraça.

Enquanto isso no meio do nada, cravo a faca calada
Em minha inocência avassaladora,
Atravesso os cortiços pelas madrugadas, cansado
Dos becos estrábicos entorno a visão para o longe.

Ninguém podia suportar a destreza do meu eu maligno,
E na enfermidade de minha maior introspectiva cura,
Estraçalhei cada paraíso em que fui submetido a suportar,
Amordaçando o meu deus em fúria, secando os lábios virgens.

IV

Não existe alimento no mundo dos deuses,
Isto me parece tão verdadeiro quanto a fome do poeta
Pelas letras amontoadas na mente presa fora deste mundo,
Esquecido pela vida que se espalha através dos vales de concreto.

Não existe morte no mundo dos mortos,
Nada me parece tão explicito quanto a vida que guarda neste sudário
Rasgado, marcado pelos infectos pensamentos de bondade
Tão falsos quanto a vida que nos levam a honrar.

Em nome do Pai do Filho e do Espirito Santo,
Tudo nos força a crer nesta especie de clarividência
Inexistente na pele em que habita o asco pela derrota
Clamando o sangue que escorre diariamente através de uma oração.

Em nome da Virgem Maria,
Prostituta bela e gentil que me deu o prazer mais digno
Masturbandome com teu manto de pureza, para todo e sempre,
Agoniza nos altares com a face suja pelo esperma de mil homens.

Levantete os joelhos deste chão imundo,
Olhemos devagar estas caricaturas amontoadas
Nas mentes dos humanos amarrados e amordaçados,
Concedate o gozo eterno dos prazeres carnais.

Antes que te apodreças o corpo, leve tua alma a bailar
Por entre os salões das maldições malditas,
Não calarmeei frente a estas imagens calamitosas
De pureza, clamadas por humanos vadios apodrecidos pelas castas de grife.

Vida que te faça falar, gritar, pular destas montanhas
Para os precipícios da vida, vai forçando, abrindo caminhos
Pelos céus molhados de tua saliva cognitiva,
Afogate no rio das mentiras que te fazem morrer calado.

Responda a si mesmo as perguntas celestiais,
Conceda a ti mesmo cada resposta lhe enfiada goela abaixo
Vomitando a submissão de tua alma nas vadiagens nas escrituras dos homens
Que falam mais do escutam, fazendote surdo como cada um deles são.

V


Sanidade é um grito de loucura silencioso,
Tão ambicioso quanto um rato preso a uma ratoeira,
Seguindo uma especie de dilema transcendental observo
A insanidade colorir minha alma nesta imensidão de vazio.

Nada do que se pode recordar é bendito, no minuto em que
A lagrima sangra no peito podre preso a um diluvio de fumaça
De prazeres iluminados pelos seres de morte e escuridão
Que vivem neste casco agonizando na clemencia descadênciada.

Lobos e raposas entreolhamse sentindo o cheiro do meu corpo
Caído, entre a esperteza de um coelho malfadado as superstições da vida
Maldita, banhando as vísceras pra fora do corpo com água benta
Demoníaca, afogando as narinas em pó branco de química desconhecida.

Manuscritos perdidos dentro do estomago cheio de suposições
Entopem o intestino na calada desta manha silenciosa,
O único som vem da mente assombrada pela pesquisa que fiz em minha pele
Retalhada, atirada em filetes generosos sobre a mesa.

Juízo perdido, desprendido das palavras outrora esquecidas
Agora lembradas por supostos seres povoadores de mentes perturbadas
Alimentamse das frases escritas nas lapides que imaginam ser
Nossas, rosas esquecidas secas e embebecidas de sangue impuro.

Mariposas sobrevoam os paraísos artificiais que as mentiras escondem
Lembrando de cada gesto de humanidade introvertida,
E na aversão de cada culpa julgam meus zumbidos que um dia
Foram vozes cegas, olham minha boca aberta capturando as moscas que dela se esgota.

Bebendo de minha própria saliva, então retrocedo
A cada bocejo que me tira o sono,
Sonho então desfalecer no tempo em que não tenho mais,
Gritando a esmo desfaço tudo que eu não disse, desapareço neste ponto final.