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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Células de um Lirio

I

Meu esconderijo dentro deste silêncio é minha maior obra,
A mais significativa de minhas desvalias,
Nas avessas caras deslavadas
De cultura e ópio.

Entregamos a todos estes senhores
Toda magia de nossas mentiras
Para simplesmente nos calarmos dentro deste feudo,
Nossa casa não é a verdade.

Foi em minha juventude que me enfiaste o punhal
De magnitude calada e sombria triunfando sobre meu corpo,
Desobedecendo as regras desregradas de meu eu morto,
Obcecado pela especie desconhecida deste funeral torto.

A frieza dos dias de agonia não te fazem permanecer,
Entristeceste dentre os descalabros desta desventura,
Aventurate então em meu corpo fechado,
Abrate então minhas portas amaldiçoadas.

Respirando em orações a musica que mais nos toca,
Não tocarei sequer nesta manha um centímetro de teu corpo,
Neste longínquo presente que nos serve de alimento
Matandome de fome nesta cela cerebral onipresente.

Células orvalhadas de cor esverdeada escorrem
Pelas veredas e vinhedos intocáveis,
Capítulos rasgados de minha acéfala cabeça,
Retirame desta liberdade aprisionadora por onde corro nu.

Estas trevas que me aconselham não me deixam desabrochar,
Os pés que sobretocam o caos em minha espessa solidão
Não medem nosso amor em que tu veneras esta compaixão,
Entreolhamse os olhos então de longe mais perto do que podem.

Deusa que me rasga as vestes ensurdeça me com teu grito
Vulcânico, em erupção coordenada acendame, queimame os ossos
Agraciando a mortalha em que a navalha toca interrupta
Em golpes precisos na carne, que esfarela na absolvição de meus delírios.

Lirio das manhas que me veste de sangue, escorrendo pelas frestas
Das portas funestas, entreabertas pelo vendaval que me percorre a alma,
Desviame o olhar tocame impuro nesta metamorfose vampiresca,
O sangue vibra nas presas, escorre pelos lábios, virgens intocados.

II

Musa das letras putrefatas, porque nunca me obedeceu?
Seguiu para longe, partindome o peito dislexo
Neste mortuário de desilusões e frustrações, permaneci,
Obcecado por te eu sanguinário desferindo golpes na ferida entreaberta.

Dizeime que nesta fatal antítese pavorosa
Não existe verdade, somente um punhal afiado e enferrujado,
E por todo lugar que dirijo a palavra não tocais sequer
Sinceramente o local desejado.

Obvio, seria  tudo belo se não fosse mentira,
Caminharia por estes vales claros de sol amargurante
No doce descaminho de tua pele cor de neve,
Desbravando os sentidos pelo mundo do desconhecido.

Interruptos seriam os vocábulos,
Persistiria na peste que me cega a boca
Dobrando me a língua na falacia que se esconde
Apedrejando a face da verdade, que deteriora em minhas lagrimas.

Descoordenados rigorosos corvos que passeiam
Pelo céu de chumbo, clareando me as vísceras amontoadas
Pelo chão do despautério que me dizem ser somente calafrios
Nestes dias que a vida nos enche de desenganos.

Amaldiçoados sejam os os cálculos que nos absorvem
Deixando escorrer pelos trilhos de nossa servidão
A ignorância, que transpõe no destino verdade e mentira,
Medo que ignora na alma o vicio etéreo da eternidade.

Morreras calado servindote o caldo da ilusões,
Não atravessaras um dia sem que uma noite te apavore,
E na sequência da vida em que te toma a morte
Te entreolhe, com os olhos de um lobo faminto.

Viveras na vida o incerto pesadelo de não acordaste
Pendurado a corda de tuas confissões obsoletas
Ouvindo o concerto magnifico da partida de tuas emoções
Ensurdecidas pelas crias abstratas do demônio.

III

Deus não te abraçaras abaixo nem acima dos infernos,
A fuligem cegara os olhos cegos, atormentando os anjos
Castrados, que permanecem visíveis navegando pelas almas bandidas,
E no vazio de tua culpa e glória te afogaras na fogueira dos céus.

Diabo, ah! Pobre diabo porque que tanto maldizem de ti?
Mas por que tanto te beijam a boca?
Dormem abraçados todos nus nesta orgia carnavalesca
Sobre o teu corpo belo, esculpido pelas alegorias da morte.

Te comem a carne vadia e impura bebendo na pureza
De teus prazeres magníficos e claramente obscuros.
Ah! Pobre diabo, que tanto nos da o gozo por estes caminhos
Entediantes de Deus, ocultados na face do evangelho dos homens.

Te bebem como esperma doce e fresco,
Extraindo das uvas cálidas das almas outrora noturnas, agora
Distraídas nas manhas de domingo confessando os pecados
Cometidos em teu honroso nome, ah! Pobre diabo.

Na catarse deste estropiado pensamento exaltando a virtude
Na visão turva, embebecida pelo álcool dos espíritos marginais,
Diga me algo, já que deus me parece tão calado,
E na notoriedade desta chama fria aqueçame junto a sua couraça.

Enquanto isso no meio do nada, cravo a faca calada
Em minha inocência avassaladora,
Atravesso os cortiços pelas madrugadas, cansado
Dos becos estrábicos entorno a visão para o longe.

Ninguém podia suportar a destreza do meu eu maligno,
E na enfermidade de minha maior introspectiva cura,
Estraçalhei cada paraíso em que fui submetido a suportar,
Amordaçando o meu deus em fúria, secando os lábios virgens.

IV

Não existe alimento no mundo dos deuses,
Isto me parece tão verdadeiro quanto a fome do poeta
Pelas letras amontoadas na mente presa fora deste mundo,
Esquecido pela vida que se espalha através dos vales de concreto.

Não existe morte no mundo dos mortos,
Nada me parece tão explicito quanto a vida que guarda neste sudário
Rasgado, marcado pelos infectos pensamentos de bondade
Tão falsos quanto a vida que nos levam a honrar.

Em nome do Pai do Filho e do Espirito Santo,
Tudo nos força a crer nesta especie de clarividência
Inexistente na pele em que habita o asco pela derrota
Clamando o sangue que escorre diariamente através de uma oração.

Em nome da Virgem Maria,
Prostituta bela e gentil que me deu o prazer mais digno
Masturbandome com teu manto de pureza, para todo e sempre,
Agoniza nos altares com a face suja pelo esperma de mil homens.

Levantete os joelhos deste chão imundo,
Olhemos devagar estas caricaturas amontoadas
Nas mentes dos humanos amarrados e amordaçados,
Concedate o gozo eterno dos prazeres carnais.

Antes que te apodreças o corpo, leve tua alma a bailar
Por entre os salões das maldições malditas,
Não calarmeei frente a estas imagens calamitosas
De pureza, clamadas por humanos vadios apodrecidos pelas castas de grife.

Vida que te faça falar, gritar, pular destas montanhas
Para os precipícios da vida, vai forçando, abrindo caminhos
Pelos céus molhados de tua saliva cognitiva,
Afogate no rio das mentiras que te fazem morrer calado.

Responda a si mesmo as perguntas celestiais,
Conceda a ti mesmo cada resposta lhe enfiada goela abaixo
Vomitando a submissão de tua alma nas vadiagens nas escrituras dos homens
Que falam mais do escutam, fazendote surdo como cada um deles são.

V


Sanidade é um grito de loucura silencioso,
Tão ambicioso quanto um rato preso a uma ratoeira,
Seguindo uma especie de dilema transcendental observo
A insanidade colorir minha alma nesta imensidão de vazio.

Nada do que se pode recordar é bendito, no minuto em que
A lagrima sangra no peito podre preso a um diluvio de fumaça
De prazeres iluminados pelos seres de morte e escuridão
Que vivem neste casco agonizando na clemencia descadênciada.

Lobos e raposas entreolhamse sentindo o cheiro do meu corpo
Caído, entre a esperteza de um coelho malfadado as superstições da vida
Maldita, banhando as vísceras pra fora do corpo com água benta
Demoníaca, afogando as narinas em pó branco de química desconhecida.

Manuscritos perdidos dentro do estomago cheio de suposições
Entopem o intestino na calada desta manha silenciosa,
O único som vem da mente assombrada pela pesquisa que fiz em minha pele
Retalhada, atirada em filetes generosos sobre a mesa.

Juízo perdido, desprendido das palavras outrora esquecidas
Agora lembradas por supostos seres povoadores de mentes perturbadas
Alimentamse das frases escritas nas lapides que imaginam ser
Nossas, rosas esquecidas secas e embebecidas de sangue impuro.

Mariposas sobrevoam os paraísos artificiais que as mentiras escondem
Lembrando de cada gesto de humanidade introvertida,
E na aversão de cada culpa julgam meus zumbidos que um dia
Foram vozes cegas, olham minha boca aberta capturando as moscas que dela se esgota.

Bebendo de minha própria saliva, então retrocedo
A cada bocejo que me tira o sono,
Sonho então desfalecer no tempo em que não tenho mais,
Gritando a esmo desfaço tudo que eu não disse, desapareço neste ponto final.





Seios Virgens

Sincera agonia, aqui nem em morte transvia,
Deus, amordaçame e calate,
Divino anjo de satanás, sugira nos então a paz,
Buscaste tanto no homicídio nosso de cada dia
A límpida clareza da guerra.
Sufoca me mulher insana e maculada
Inflamame a alma afogame em teu seio virginal,
Medo não te atreveras em teu maior plano singular
Delirante, mais uma vez a me afrontar,
Morra, oh deus da desgraça que busca em mim
Um comparsa, deixas te somente em meu leito
Teus gritos insanos que buscam no inferno
A mais sinuosa paz.


terça-feira, 13 de agosto de 2013

Pequenino Nada

Sou um pequenino demônio,
Buscando paz no inferno,
O céu nunca me atraiu,
Assim como a busca dele.

Sou um pequenino demônio ,
Entornando um galão de gasolina sobre o corpo,
Queimando mesmo antes da primeira faisca,
Apagando o fogo do nascimento de Deus na carne.

Sou um pequenino demônio,
Atravessando as ruas na nevasca deste caldeirão,
Calculando os espaços vazios num pequeno trecho,
Desconhecido e nunca compartilhado.

Sou um pequenino demônio,
Calado na sarjeta onde o vomito escorre,
Na beira de um abismo de imposições,
Costurando os lábios em volta do silêncio barulhento.

Sou um pequenino demônio,
Deitado na cama dos céus,
Sufocando um Deus cadavérico e insolente,
Transpondo sua imagem e perfeição.

Nesta carta dolente e impaciente
Doente atravesso o espesso canal do rio vadio
Gozo a eterna loucura do seres extra terrestres
Completando o atraso de cada dor em dor.

Calejado então, defeco na face de minha paciência,
Sai para roubar vagalumes ,
Saio para colher flores,
Saio para foder enfim, com a vida.

Esta maldita assanhada que insiste em me foder,
Não desdobrarei sequer mais um segundo de minha consciência,
Pois sou um pequenino demônio,
Prontificado para gozar na boca de Deus.


Ninguém

Justo seria então o tapinha nas costas,
Injusto o véu que tua pele não toca,
Sustentando a especie intocada
Toco-me, impuro e curado, calado.

Absolvido pela luz que não toca a pele
Escureço em níveis desmedidos,
Segure a conotação na duvida em que te toca então,
Astronômicos serão os erros.

Nunca cometeras sequer um desatino,
Nunca estarás em completo desalinho,
Destino desmistificado, impuro e tardio,
Árduo padre que goza nas escrituras sagradas.

Fodendo então minha virgem desfalecida,
Obedeço a pureza de cada gesto acumulado
Na infinidade dos meus retrocessos que coagulam,
Enfermo e desalojado na impureza de cada parte podre.

Nunca seras o mais do mesmo,
Nem ao menos o que desejaria que este fosse,
Pois sou parte daqueles que não ferem ao serem feridos,
Muito menos daqueles que escrevem reto por linhas tortas.


Preposições de um Cadáver



I

Sim, este mesmo!
Eu que fui alma impura,
Repugnante e incessante,
Eu que fui linha e carretel,
Eu que fui arma e bordel.

Eu que me senti como uma bruxa
Prestes a ser queimada,
Relógio nas sombra do tempo,
Desloquei simples mente as partes.

Eu que me matei diversas vezes,
O devasso inconsequente,
Conotações divididas em destroços carnais,
Almas só existem quando podem.

O poderio bélico das transformadões em segundos
Distribuindo tapas e socos na própria face desalinhada
Maquiando as olheiras das infinitas noites de insonia,
Entupindo as veias nas melhores das piores intenções.

Segurei tua arma, apontei para minha própria cabeça,
Engatilhei, (...)
Atirei!
Nenhum projetil me acertou.

Banhando então o corpo em formol
Embalsamo as tripas celestiais enfermas
Rasgando cada simbolo doentio que minha alma construí
Transfiguro a pena para outro corpo em resignação.


Sim, aquele mesmo!
O menor, o mais infiel dos seres,
Na eloquência do abandono
Abandonando o próprio corpo no buraco estreito dos prazeres.

Aquele que te sentiu na amargura de cada toque
O gosto azedo da brusca partida calamitosa,
Acionando a sirene do adeus
Difundindo um ser em outro termo.

Aquele que se sentiu como um Deus
Dos mais vadios, digno de fazer companhia ao demônio,
Na escala mais podre e desgraçada do inferno
Substanciando o carbono, na química do prazer.

Sem dormir, jazia o cadáver vivo
Na câmara carnal das especies mumificadas,
Das almas nas incessantes rotações desqualificadas
Pairando acima das cabeças arrancadas.

Não morreria, sequer uma só vez
Para constatar que apesar de morto,
Ainda estava vivo,
Encontrando com o próprio corpo morto.


Sim, este mesmo!
Aquele infeliz de carne e osso,
Reatando na impureza do nascer
Desqualificando a especie que recriara.

Adormecendo dentro da tumba inóqua
No limiar de qualquer sentido desfalecido,
Apedreja a alma que se esconde dentro daquele cadáver,
Esquecido mas lembrado pelo eu etéreo.

Então na iniquidade do amanhecer
Banhou se na cura doentia resgatando o paraíso perdido,
Na calamidade da escuridão que de tão clara cegava o olhar
Não viveria mais um segundo sequer para provar que estava errado.

Então! Balbuciando uma infinidade de vermes e versos
Da língua fez instrumento de morte,
Cadavérica era a imagem reproduzida naquela noite,
Acoplado a uma química substancial provou meio segundo de esperança.

Não esperou que fosse dita,
Ou dada a tua sentença,
Condenou o próprio algoz a perpetuidade
Livremente, antes de qualquer decisão.

Enfim então o cadáver flutuava,
Naquele mar de ilusões infinitas, dúbias e diversas,
Flutuava sobre a água de mares nunca explorados
Imergia pelo ar nunca antes respirado.

Desconhecendo partes do que sempre acreditava
Dividiu o sim pelo não,
Trocando de pele a todo momento,
Repartindo os ossos para aquela multidão de roedores insaciáveis.



Sim, eu mesmo!
Aquele que nunca pode acreditar,
Sinceramente na luz da infinita aurora
Orvalhada e sublime, onde cava se a pureza dos enfermos seres de luz.

Acordando dentro da tumba
O cadáver do meu próprio eu, escreve me...
Em linhas retas e oblíquas o que resta do meu resto,
Atordoando a escuridão do caixão.

Raspou as paredes de madeira até que surgissem frestas,
Para no minimo a alma dali escapar fluir para o sincero devaneio cronico,
Alimentando se por dias dos próprios vermes , bactérias e pedaços da própria carne
Decomposta, na composição destes versos.

Cavou metros acima dos estilhaços do tempo
Engolindo a terra para que não cegasse os olhos,
Seguidamente de cada grão fétido daquelas camadas interiores,
Realojando se pouco a pouco.

Cavou tanto para cima tanto quanto para baixo,
Fez redemoinhos em alegorias perdidas enquanto escrevia
Nas camadas que ainda restavam percorrer,
Para enfim a luz alcançar.

Fez se a si mesmo um minuto de silencio
Pela desistência, pensou e repensou,
Parou então de cavar a esmo,
Em vão seria tua breve e inesperada chegada.

Parou novamente e repensou estranhamente
O objetivo de tanto folego guardado,
Para aquele dia de vitória,
Afinal! Venceria eu a morte?

Guardaria a mim esta decisão?
Pensou novamente, sem se perguntar mais nada
Somente a decisão da desistência agora o confortava
Voltou então pelo mesmo caminho.

Reorganizou a falta de pensamento,
Cuspiu a terra engolida,
Tapou cada fresta mal feita,
E enfim calou se para quase  todo o sempre.


V

Felizmente resolvo então ficar por aqui,
Em meio a podridão dos meu próprios vermes,
Que me comerão a pele, carne e quem sabe um dia enfim os ossos,
Assistirei a tudo com calma sem medo.

Afinal de que nos vale a ira da volta a superfície terrestre,
Senão simplesmente para ter que voltar a decidir e esperar,
Não decidirei mais nada!
Somente assistirei e sentirei cada verme enfermo alimentar se de mim.

Compartilharei minha carne com quem enfim ama a podridão dos seres terrestres,
Alimentarei cada ser vivo que por aqui me encontrar
Deus abençoe estes vermes,
Que enfim, me dizem mais que qualquer outro ser vivo neste universo.





Ele e a Droga

Eu que tive uma alma sem controle
E não pude negar cada lagrima escarrada,
Eu que tive parte naquele crime
E não pude negar a complacência.

Eu que não tive segredos
Ou desejos ou pernas e braços
Eu que não tive frio,
E me droguei para não morrer de fome.


Eu que nunca olhei para os lados,
Eu que somente perdi a memoria,
Eu nunca tive um bule de café,
Algo em que eu pude acreditar para manter acordado.


Eu que mi vi completamente abarrotado,
Eu que somente nunca fui somente,
Chorei um tanto de tuas lagrimas,
Pois suspenso no ar sabotei algumas de tuas ideias.

Cada droga,
Cada gesto,
Cada sentimento,
Cada pensamento.

Eu que me vi completamente impotente
Caminhando entre as macumbas diária
Soturnamente apagando cada raio de sol
Que me foi destinado.

Minha sina era o sinal de meu próprio abandono,
Desobedecendo os ritos e pactos,
Não rezei a Deus
Clamei somente ao demônio nesta existência.

Desatinos químicos mal formulados
Trans figurando cada linha de pensamento confusa,
Realinhando toda e qualquer eficiência
Destruindo qualquer poder de decisão.

Não era medo,
Nunca foi,
Talvez era,
Sim, Talvez era.